Carlos de Sousa anuncia candidatura à Câmara de Palmela

Foi presidente das Câmaras Municipais de Palmela e Setúbal, tendo deixado a vida política há 14 anos, altura em que se encontrava em exercido de funções na...

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Foi presidente das Câmaras Municipais de Palmela e Setúbal, tendo deixado a vida política há 14 anos, altura em que se encontrava em exercido de funções na autarquia setubalense. Atualmente a presidir o Centro Social de Palmela, o ex-autarca anunciou, na passada semana, que irá candidatar-se à autarquia palmelense, mas desta vez como independente.

Em entrevista ao Jornal do Pinhal Novo, Carlos de Sousa, explica quais as razões que o levaram a regressar à vida política.

– O que o levou a regressar à política?

Se me fizessem esta pergunta há 3 anos atrás eu diria “não, nem pensar nisso”. Ainda assim, desde 2006, altura em que sai da Câmara de Setúbal, sempre que havia Eleições Autárquicas, havia sempre quem me convidasse ou para Palmela, ou Setúbal.

Depois de ter passado por outras experiencias profissionais, e há dois anos ao regressar profissionalmente a Palmela, fiquei mais próximo da realidade do nosso concelho. Antes já tinha conhecimento de algumas queixas, mas só depois de estar em definitivo em Palmela, comecei a sentir uma maior pressão para uma possível recandidatura. E isso fez com que tomasse a decisão de regressar à vida política.

Orgulho-me do trabalho que fiz enquanto estive na Câmara de Palmela e custa-me ouvir alguém que está na autarquia dizer, por exemplo, mal dos mandatos anteriores. Quando, ainda por cima, esses mandatos eram do mesmo partido que do atual presidente.

“Decidi fazer o caminho das pedras sozinho”

– Tinha mesmo que ser um regresso a Palmela? Não poderia ser a outra autarquia?

Sim e por uma razão muito simples. A relação que tenho com Palmela é muito forte. Moro cá há 28 anos, tenho três filhos palmelões e depois a relação, que felizmente fiz, com as pessoas deste concelho.

– Quem lhe fez este desafio?

Numa fase inicial, o desafio foi feito pelo vereador eleito pelo MIM, José Calado. Esse convite tinha sido feito em 2017 e recusei, e desta vez depois de algumas conversas com ele, o que lhe disse foi que apesar de nos darmos bem, na forma de estar na política somos diferentes e portanto, decidi fazer o caminho das pedras sozinho. Vou ser eu a escolher as pedras sozinho.

– Será uma candidatura totalmente independente?

Será totalmente independente e para o bem ou para o mal, e de acordo com aquilo que penso que é correto para o nosso concelho.

– E para si o que é correto para o concelho?

Há uma enorme diferença entre o Poder Local e o Poder Central e uma das mais-valias do Poder Local é a proximidade da população. Para aquilo que aprendi ao longo destes anos, mais importante do que colocar alcatrão ou fazer a escola, porque havendo dinheiro a escola é feita e o alcatrão é colocado. Mas a forma de estar na política é fundamental.

Orgulho-me do relacionamento que eu tinha com a oposição, bem como do relacionamento que tínhamos na Assembleia Municipal, e em Palmela nós tínhamos orgulho na “forma de fazer política”, que era aliás um exemplo para a região e para o país.

Os cidadãos assistiam às nossas trocas de opiniões, mas saiam dali agradados com a forma como essa troca de ideias era levada à prática. Hoje, daquilo que sei, não tem nada a ver com aquilo que era feito no meu tempo.

“Se eu for fazer uma reunião com a população para a ouvir e se eu estou durante duas horas a responder a uma pergunta”

– Está a criticar directamente a postura política do Álvaro Amaro?

Estou a dizer que não me revejo, e acho que esta forma de estar na política que a atual câmara tem, nomeadamente através do senhor presidente, vai contribuir para uma coisa que nós no local temos a obrigação de ser os primeiros a lutar contra, e falo do afastamento do cidadão da política.

Se eu for fazer uma reunião com a população para a ouvir e se eu estou durante duas horas a responder a uma pergunta, obviamente que os outros cidadãos vão para casa porque não querem levar injecções de duas horas. Isto é apenas um exemplo.

– Ainda é cedo para falarmos de um programa eleitoral. Mas de modo geral, o que quer para o concelho de Palmela?

Aquilo que o meu grupo de cidadãos irá fazer é iniciar um conjunto de reuniões com os agentes económicos, culturais e desportivos no sentido de ouvir e perceber o sentimento das populações e depois traçaremos as nossas linhas de atuação. Daquilo que sei a burocracia voltou a imperar no concelho de Palmela, sobretudo no Urbanismo.

Da minha experiencia, entendo que o eleito tem que ser humilde. Saber ouvir os outros. Primeiro saber ouvir os trabalhadores e técnicos da autarquia e eu tenho de ter a humildade para ouvir a opinião deles. Mas parece-me que isso não está a acontecer. E quando esta forma de trabalhar do “eu é que sei” e “eu é que tenho razão” nunca dá bom resultado.

– Será uma candidatura a todos os órgãos autárquicos?

Aquilo que pretendemos é que seja a todos os órgãos autárquicos.

 

 

 

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