“Estou na política para trabalhar, para acrescentar valor ao nosso território e procurar que todas as pessoas aqui sejam felizes”

Caso vença as Eleições Autárquicas agendadas para 26 de Setembro, Álvaro Amaro entrará no seu último mandato como presidente do município palmelense e acredita que será possível “vencer estas...

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Caso vença as Eleições Autárquicas agendadas para 26 de Setembro, Álvaro Amaro entrará no seu último mandato como presidente do município palmelense e acredita que será possível “vencer estas eleições e Palmela precisa de uma maioria absoluta”, ao contrário dos resultados de 2017 que levaram a CDU a perder a maioria absoluta no concelho. Em entrevista ao JPN Álvaro Amaro afirma que está na política para “trabalhar, para acrescentar valor ao nosso território”.

– O que o leva a recandidatar-se à presidência da Câmara de Palmela?

  O profundo amor por este Concelho e o sentido de serviço público e de dever, que têm sido a força motriz de todo o meu percurso na política. Não preciso de emprego nem de protagonismo, estou na política para trabalhar, para acrescentar valor ao nosso território e procurar que todas as pessoas aqui sejam felizes. Esta é uma fase desafiante… recuperámos financeiramente, reorganizámo-nos e reforçámos equipas, frota e equipamento, depois dos anos difíceis da troika. Mas embatemos numa pandemia, que obrigou a rever prioridades e provocou atrasos. Mesmo assim, conseguimos concretizar reivindicações antigas da população e captámos investimento que vai gerar emprego e riqueza e criar novos clusters económicos. Realizámos obras e ações de vulto, da educação à mobilidade suave e acessibilidades, da rede viária ao património cultural, da saúde e segurança ao social, da reabilitação urbana ao ambiente, da eficiência energética aos transportes. Lançámos estudos e projetos, desenhámos novos eixos estratégicos, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Atingimos excelentes indicadores financeiros, de transparência, de apoio às famílias pelas políticas sociais que aplicamos transversalmente. Temos dívida zero a fornecedores, o IMI e a água das mais baixas da Península, isenção de derrama para micro, pequenas e médias empresas e aumentámos a capacidade de investimento. Sinto que devo continuar ao leme desta rota de desenvolvimento, que lança bases sólidas para o futuro, num novo ciclo de crescimento e sustentabilidade.  

 – Quais são as suas prioridades para os próximos quatro anos?

 São várias… Desde logo, a implementação da Estratégia Local de Habitação, já aprovada, que criará habitação a custos acessíveis. O nosso plano de trabalho aponta para um conjunto de políticas sociais ativas, em rede, com uma estratégia para a população mais idosa, mas, também, para famílias em dificuldades. Na saúde, além de construirmos o Centro de Saúde de Quinta do Anjo, reivindicamos ao Governo a colocação de médicos e enfermeiros, para que todas as extensões de saúde funcionem. Nas acessibilidades e rede viária, estimamos bater recordes de investimento, e com a nova concessão, em 2022, teremos um aumento de 148% da oferta de transporte público rodoviário. No Cartão Idade Maior, pretendemos introduzir o transporte gratuito para maiores de 65 anos. A implementação do Plano Municipal de Acessibilidades dedicará especial atenção ao Centro Histórico de Palmela, e terá continuidade a requalificação urbana, a substituição de infraestruturas, nomeadamente, as redes de abastecimento de água, e a infraestruturação das zonas periurbanas. Na área da limpeza e conservação dos espaços verdes, as transferências para as Juntas de Freguesia vão aumentar meios e elevar os níveis de satisfação. Vamos reforçar a rede de equipamentos culturais, as parcerias e projetos culturais e artísticos, e no desporto, além do Pavilhão da Secundária de Palmela, apostamos na requalificação de polidesportivos, na construção de uma pista simplificada de atletismo e no apoio à rede de equipamentos desportivos dos clubes e associações, que prestam serviço à comunidade. Criaremos um Pavilhão Multiusos, vamos continuar a requalificar o Parque Escolar, a promover formação, emprego e empreendedorismo jovem e estamos envolvidos na criação de uma Escola Profissional no Concelho. O Plano Estratégico do Turismo confirmará o caminho de qualidade que temos vindo a trilhar e apontará novos eixos e produtos turísticos que potenciem a nossa atratividade, sempre assentes nos valores e produtos locais. No ambiente, priorizamos temas como a preservação dos ecossistemas, reflorestação, bem-estar animal, regularização de linhas de água, mobilidade elétrica, eficiência energética e energia verde, no combate às alterações climáticas. Os parques verdes urbanos e a extensão de redes de ciclovias são projetos já em desenvolvimento para candidaturas ao PRR. Iremos qualificar as áreas de acolhimento empresarial, promover a criação de AgroParques e integrar projetos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, nomeadamente, através da participação na constituição da “Associação para os Materiais Avançados – Investigação e Desenvolvimento em Materiais Avançados e Aplicações”. Estamos, ainda, a preparar uma revolução em matéria de digitalização dos serviços, modernização de equipamentos e reengenharia de processos para um serviço público mais qualificado, e vamos aprofundar as políticas de participação cidadã. Entre centenas de medidas concretas do nosso compromisso (que convido a conhecer nas redes sociais), sublinho, ainda, a publicação do novo PDM, que representa uma mudança de paradigma no ordenamento do território, na arrumação de funções, designadamente, as económicas, ao nível da mobilidade e da coesão territorial, para um desenvolvimento com qualidade, sustentável e mais protegido contra a especulação. Em suma, estamos atentos às necessidades e expetativas dos vários públicos, de todas as idades, para um território mais coeso, rico e inclusivo. 

– As áreas do Urbanismo e Limpeza têm sido fortemente criticadas pelos seus opositores políticos. O que se passa realmente com estes pelouros?

  Reconheço problemas, que derivam de fatores internos e conjunturais. Apesar do esforço de recrutamento, ainda não conseguimos recuperar o número de trabalhadores pré-troika. A pandemia também não ajudou e impediu a reestruturação orgânica de 2020 de dar os frutos esperados, com baixas médicas e casos de doença, equipas em teletrabalho… De resto, investimos no reforço de circuitos de recolha de lixo e de monos, iniciamos a recolha porta-a-porta em vários bairros, e tem funcionado bem. Vamos duplicar o investimento em viaturas e recursos humanos nesta área, mas sem a ajuda das populações e das empresas, não será fácil controlar a deposição indevida de resíduos, que é um problema nacional.  

As queixas dos serviços urbanísticos são recorrentes em todas as autarquias onde há maior dinâmica, e registámos, em 2020/21, um forte aumento do número de processos nesta área, revelador de uma nova dinâmica urbanística. Criámos task forces, que têm trabalhado aos fins de semana para recuperar atrasos, e está em curso a adjudicação de uma aplicação informática que facilita a entrega de documentos e a consulta do ponto de situação de processos. As ações de formação que dinamizámos (Programa de Reabilitação Urbana) juntaram vários agentes do setor, a fim de atualizar conhecimentos e afinar a cooperação, porque há muitos processos que são devolvidos ao requerente por estarem mal instruídos. Convém lembrar que não é possível construir tudo o que se quer nem onde se quer. Há um PDM e legislação a cumprir, e o Município cumpre a Lei, não cede a pressões. 

“O município vai avançar com um investimento de mais de dois milhões de euros, numa obra do Estado, que apenas admite comparticipar 625 mil euros”

– Que balanço faz da vereação socialista enquanto detentora de pelouros?

O relacionamento com o vereador Pedro Taleço, que aceitou pelouros, foi cordial e satisfatório. Comunicámos em permanência e estivemos em sintonia relativamente a áreas como a gestão da iluminação pública ou a eficiência energética. Já a limpeza urbana, como apontou, foi uma das áreas que correu menos bem, e apesar do reforço financeiro, de material e equipamento, a gestão interna das equipas e a relação estabelecida não foram as mais indicadas e criaram instabilidade. Mas porque falamos de oposição, lamento que a Vereação, em geral, tenha feito oposição por fazer, seguindo as diretrizes nacionais dos seus partidos, sem olhar para a realidade do Concelho e sem coragem, no caso do PS, para influenciar o Governo na resolução dos problemas das populações e para reconhecer o esforço que a CDU tem feito para levar a tutela a assumir compromissos e a priorizar este território. Fiquei chocado com declarações recentes do Sr. Vereador Raul Cristóvão a propósito do Pavilhão da Secundária de Palmela. Enquanto diretor da Escola, deixou demolir o anterior pavilhão sem garantir um acordo para a sua substituição;  na anterior campanha, em 2017, prometeu que se fosse eleito teria um novo pavilhão em dois anos, mas nada fez para ajudar nas negociações; e num projeto participado pelos professores de Educação Física e aprovado pela Escola e pelo próprio Ministério da Educação, tem o desplante de afirmar que não corresponde às necessidades. O município vai avançar com um investimento de mais de dois milhões de euros, numa obra do Estado, que apenas admite comparticipar 625 mil euros.  

– É acusado de ser uma espécie de “quero, posso e mando” dentro da autarquia. Considera-se autoritário ou apenas zeloso com os destinos do município?

A oposição tem procurado passar essa ideia, como linha panfletária para o ataque. Acredito que não gostem de um Presidente que não joga só à defesa, mas gostava de saber se quem me acusa é quem trabalha diretamente comigo ou é quem quer causar instabilidade dentro da organização. Sou, efetivamente, zeloso e não gosto de falar sem conhecimento de causa. Procuro estar a par dos dossiês, acompanhar projetos e tenho aprendido muito com os trabalhadores municipais, em todas as áreas e funções. De resto, sempre gostei de jogar em equipa e essa é, também, uma marca CDU. 

– “Relação de Confiança” é o slogan da CDU. É essa relação que pretende continuar a ter com os munícipes?

As pessoas reconhecem o Município e a nossa gestão pelas boas contas, rigor e frontalidade, pelo cumprimento dos compromissos, o dito e o feito. Estamos regularmente na rua, promovemos uma gestão participada, damos a cara, mesmo nos temas mais difíceis, e não nos escusamos a prestar contas, e essa só pode ser uma relação de confiança.  

– A CDU apresenta nestas eleições muitos candidatos independentes, que no passado já assumiram candidaturas por outros partidos. Se por um lado poderá ser um bom argumento para a CDU ao afirmar que são pessoas que reconhecem o trabalho desenvolvido, não teme que a população possa considerar que esses candidatos andam à procura de favorecimentos pessoais?

Isso não faz sentido, porque ninguém vai para a CDU para ter benesses… aliás, é do conhecimento geral que os eleitos da CDU recusam benefícios pessoais quando assumem cargos. A CDU é um espaço unitário e aberto, e as nossas listas sempre tiveram uma grande percentagem de verdadeiros independentes, alinhados com os nossos objetivos e que se reveem na nossa postura séria e de compromisso. No caso concreto, falamos de pessoas disponíveis para servir a sua terra, mas que tiveram experiências com outras formas de estar na política, que não corresponderam às suas expetativas. Contactaram com o nosso projeto em coletividades e órgãos autárquicos e perceberam que a CDU é, realmente, diferente e melhor.  

“ Não basta ter ideias e tiradas populistas, é preciso saber como concretizá-las”

– Este ano existem 9 candidatos aos órgãos autárquicos. Como avalia esta nova realidade política no concelho?

Quantidade nem sempre é qualidade, mas fico satisfeito por ver a Democracia a funcionar e pode ser revelador de um novo interesse pela vida local. Só espero que cada candidato saiba e diga ao que vem. A multiplicidade de áreas de trabalho e de responsabilidades exigem equipas conhecedoras e preparadas para os desafios. Não basta ter ideias e tiradas populistas, é preciso saber como concretizá-las. Uma autarquia é um mundo e exige-nos muita dedicação e estudo diário das matérias, disponibilidade completa e permanente e um enorme sentido de responsabilidade e serviço público. 

– Para si qual é o seu maior adversário político?

Adversários políticos são a desinformação, o populismo, a abstenção. Até a enorme dimensão do Concelho dificulta uma visão global do trabalho que é feito, diariamente. Em Palmela, projetos como o “Eu Participo!” e o trabalho nas escolas, com crianças e jovens, promovem a literacia cidadã e sublinham a importância de participar na vida da comunidade desde tenra idade. Deste ponto de vista, deposito muita esperança no futuro.   

– Caso vença as eleições com uma maioria relativa voltará a coligar-se com o PS? Com que partido ou movimento ponderaria coligar-se?

Importa esclarecer que a CDU não fez qualquer coligação com o PS, nem sequer um acordo de Mandato. Atribuiu pelouros e discutiu e consensualizou, democraticamente, opções e prioridades. Sobre o futuro, não coloco esse cenário. Acredito que é possível vencer estas eleições e Palmela precisa de uma maioria absoluta. Estamos perto dos 70 mil habitantes, o Concelho foi o terceiro que mais cresceu no país, na última década, receberemos, no próximo ano, novas competências muito pesadas, pelo que é essencial termos uma equipa de Vereação mais ampla e alinhada com a mesma visão e objetivos, para distribuir dossiês e continuar a alavancar o desenvolvimento.

– Com tantas mudanças de partidos, com tantos candidatos esta será uma campanha cordial e livre de ataques pessoais?

 Os ataques em relação a mim, tiveram início logo que começaram a perfilar-se as primeiras candidaturas e só posso antever que piorem em campanha. Eu e a minha equipa temos muito trabalho concreto para mostrar, projetos em curso ou bem encaminhados. Estamos aqui para servir, por amor à nossa terra, e não em busca de protagonismo ou emprego ou para fazer currículo, em busca de “poleiros”. Esta realidade incomoda os opositores, levando-os a baixar o nível do debate político. É fácil estar de fora e prometer que faria melhor, que tem todas as soluções na manga, sem explicar como e sem nada para mostrar. Mas faz parte do jogo. O que não faz parte do jogo é o ataque pessoal, mesquinho e cobarde, que não dignifica o Poder Local. Espero que ainda seja possível transformar esta campanha num verdadeiro debate de ideias e de projetos para o futuro. 

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