Apesar de fazer um balanço “positivo” destes três anos de mandato, o vereador e líder de bancada do PS, Raul Cristóvão acredita que muitas das obras agora em curso “poderiam e deveriam ter sido feitas há 1, 2 ou até 3 anos atrás”.
Em entrevista ao JPN Raul Cristóvão disse ainda que continua disponível para “liderar o projeto de mudança e de Despertar Palmela”.
– Que balanço faz destes 3 anos de mandato?
O balanço que fazemos da nossa atividade enquanto vereadores da oposição é necessariamente um balanço positivo, embora gostássemos que alguns pontos estruturantes para a gestão autárquica tivessem a companhia das outras forças da oposição nomeadamente do vereador do PSD/CDS que votou sempre ao lado da CDU nas propostas da descentralização aliás contrariando a posição nacional do seu partido, PSD, na Assembleia da República.
Marcamos este mandato com uma atitude de oposição construtiva. Temos um vereador a tempo inteiro com áreas de atuação bastante complicadas (outra coisa não poderíamos esperar) mas que mostrou aquilo que podemos fazer, mais e melhor, trabalhando em prol da população, de forma proactiva e sem a estagnação de pensamento a que nos já habituamos.
– Quais as expectativas que tem relativamente a este último ano de mandato?
Certamente será um ano com uma agenda bastante preenchida, tendo em apreço o conjunto de obras que nos foram apresentadas nas GOP`s.
Acreditamos e estamos convictos que muitas das obras que vão ser realizadas este ano poderiam e deveriam ter sido feitas há 1, 2 ou até 3 anos atrás, numa estratégia puramente política e não de boa governança em prol dos munícipes e do território. Porque estamos a falar de muitas obras estruturantes para a população que se vê obrigada a esperar por um ano de eleições para ver as suas necessidades satisfeitas.
“A autarquia perdeu e perde tempo com posições ideológicas muitas vezes desfavoráveis ao concelho”
– Ao longo dos dois mandatos sente que a CDU que tinha a maioria quando chegou a Palmela e a CDU agora com uma maioria relativa mudou na sua forma de gerir a autarquia?
Em primeiro lugar, se me permite, quero esclarecer que cheguei a Palmela, para lecionar na Escola Secundária de Palmela, no dia 1 de setembro de 1986 e ainda cá estou e estarei, assim espero, por muitos anos.
Quando me candidatei à Assembleia Municipal e depois à Câmara Municipal foi após ter terminado um ciclo de oito anos na direção da Escola Secundária de Palmela. Há 35 anos consecutivos que não sei fazer outra coisa senão trabalhar com e para a comunidade.
Neste novo tempo autárquico o que mudou foi a necessidade de negociar e debater os assuntos e acolher contributos do PS que foi a única força de oposição que fez propostas para além dos óbvios impostos locais. Propusemos as seguintes medidas aceites por unanimidade: redução faseada do IMI até aos atuais 0,35, o IMI familiar, pequenos almoços para os alunos até ao 1º Ciclo, bolsas de estudos, início de medidas de mobilidade verde e o aumento para 10 euros por aluno para aquisição de material pedagógico nas escolas. Convém afirmar que na sua maioria ficaram, na execução, além do que queríamos.
Na materialização e demonstração no trabalho dos pelouros entregues ao PS. Quer na gestão do dia a dia, quer nas Reuniões de Câmara ou Assembleia o que mudou foram as ideias, a Inovação, a modernidade, na Visão estratégica para o concelho que falta e muito à CDU, que foi acrescentado à governação comunista tradicionalmente mais assente em salientar as omissões do governo do que em proximidade expandir as competências das autarquias em prol do cidadão.
Tirando nos pelouros entregues ao PS é óbvio que o modelo de gestão se mantém a autarquia perdeu e perde tempo com posições ideológicas muitas vezes desfavoráveis ao concelho e centra a sua gestão na figura do presidente o que dificulta a modernização administrativa da autarquia, desburocratizando e aproximando os serviços das pessoas e contribuindo para um melhor e merecido reconhecimento do valioso trabalho de todos e todas que fazem no dia a dia o seu melhor no serviço publico autárquico.
No dia a dia, alguns problemas que afetam os munícipes perduram sem solução, a visão para o concelho ou a falta dela continua a confirmar uma falta de rumo concreto. Em 44 anos a CDU muda a figura mas a filosofia é a mesma. Aliás, o que mudou é que uma das figuras aparece agora num momento cívico anunciando resolver problemas cuja origem foi a sua gestão no século passado.
– Como avalia os investimentos realizados nos últimos anos no concelho?
Investimentos avulso. Não conseguimos compreender que Palmela ainda não tenha um Programa de Planeamento Estratégico, fundamental para fomentar um crescimento sustentado do território. Não podemos realizar obras desta forma.
Estamos a empenhar o futuro. O atual executivo não mostra nem vontade, nem capacidade, nem tem um plano de ação para o investimento e funciona mais como fator de entrave a esse investimento do que promotor do mesmo. Os investimentos são comunitários e centrais. Mas a resposta a alguns problemas concretos do dia a dia como a pressão da água, o estado dos aceiros e estradas, os transportes e a mobilidade neste concelho não podem esperar, nem ficar reféns de eventualmente existir uma candidatura a fundo comunitário ou uma comparticipação.
– No seu entender o que falta fazer ou o que poderia ter sido melhorado?
Falta fazer muito e poderíamos e saberíamos fazer mais e melhor.
Temos plena consciência que temos de começar de dentro para fora. O trabalhador da autarquia tem de merecer a nossa primeira grande atenção. Perceber o seu grau de satisfação no local onde estão será com certeza um veículo condutor para atingirmos melhores resultados no trabalho que realizamos.
Falta pensamento estratégico.
Falta um novo modelo de participação aos cidadãos.
Falta olhar o território num todo e para todos.
“Já manifestei a minha vontade de continuar a liderar o projeto de mudança e de Despertar Palmela”
– O PS já tem candidato à presidência da Câmara de Palmela? É o Raul Cristóvão?
O Partido Socialista prepara as eleições autárquicas de 2021 a seguir às eleições autárquicas de 2017.
Como sempre os candidatos que o Partido Socialista escolhe são pessoas que se entregam a um projeto diferenciador num coletivo de gentes conhecidas e conhecedores dos seus territórios e das populações.
Como partido democrático, desenvolvemos processos democráticos internos para a escolha dos candidatos aos diferentes órgãos autárquicos, neste momento temos definidos os candidatos às diferentes juntas de freguesias do concelho.
Em relação à Câmara Municipal, a comissão política concelhia irá votar o candidato à presidência da câmara no mês de Fevereiro.
Em relação a ser eu ou não como disse, ainda não está decidido, mas já manifestei a minha vontade de continuar a liderar o projeto de mudança e de Despertar Palmela, no sentido de continuar a servir o concelho e as pessoas.
Uma das principais razões são os contínuos apelos e apoios de muita gente de diferentes setores que me incentivam a continuar e que querem a mudança no sentido de valorizar as pessoas e o seu território.
– Dois eleitos do PS em Quinta do Anjo, manifestaram recentemente o seu apoio à candidatura de Álvaro Amaro. Como encara esta mudança por parte destes eleitos?
Em relação aos apoios a outro possível candidato, que eu saiba o PCP/CDU ainda não apresentou quem vai liderar a sua lista à câmara municipal e o que aparece são apoios a um dos possíveis candidatos, aliás diga-se que é uma forma muito diferente do PCP funcionar pois parece que alguém se quer impor perante o partido, outros tempos.
Assim convém reafirmar que no PS não temos como costume comentar decisões do foro pessoal.
A cidadã, em causa, é independente integrada na lista do PS à freguesia da Quinta do Anjo.
Como sempre defendemos e defenderemos, só deve estar na política quem quer trabalhar em projetos coletivos para melhorar a vida das pessoas e no desenvolvimento sustentável do seu território.
Quando individualizamos a política, atividade nobre de serviço público, podemos estar a contribuir para esta se tornar em algo,que em tempos,o então primeiro-ministro e atual secretário geral da ONU, António Guterres, apelidou de ” pântano”.
No PS fazer política é fazer serviço público, sempre o dissemos e continuamos a afirmar. Connosco caminha livremente, quem concorda com os valores da ética republicana “servir e não se servir.”
Este é o nosso caminho, respeitamos os adversários e quem faz escolhas diferentes
– Carlos de Sousa, antigo presidente da autarquia, será candidato nas próximas eleições autárquicas. Acha que está candidatura poderá ser prejudicial para a CDU? E para o PS?
Em relação à candidatura referida não sei se será ou não prejudicial à CDU, isso só essa força política caberá falar sobre as suas consequências ou não. Para o PS todas as candidaturas democráticas são válidas e bem-vindas. Neste caso oferece-nos dizer que compete à candidatura de Carlos Sousa ou melhor ao próprio esclarecer os eleitores sobre as razões da sua candidatura unipessoal. Na política os eleitores merecem a verdade, merecem respeito e humildade. Mas o que nos preocupa é em escolher os melhores e o seu reconhecimento por parte das populações/eleitores.
– Do seu ponto de vista esta será uma campanha eleitoral tranquila?
Para o Partido Socialista a convivência democrática e o respeito pelos ideais de cada um são pilares da democracia e dos métodos do Partido Socialista.
Os únicos limites que pomos nos atos políticos são a falta de educação/hombridade e uma linguagem e atos xenófobos, homofóbicos, racistas e violentos.
Defendemos a palavra e os ideais manifestados através dela, com a única “arma” no combate político. A campanha eleitoral deve orientar a população para irem votar e escolherem o projeto que mais se aproxima dos anseios e das suas necessidades.
O PS fará uma campanha eleitoral ambientalmente responsável e com todos os candidatos na rua e mais próximos das pessoas e da sua realidade quotidiana, assim o desejamos porque isso é desejar que já estejamos livres desta pandemia.O nosso programa será um conjunto de compromissos recusando o discurso e as propostas fáceis e populistas.
Permita-me uma nota final de reconhecimento pelos profissionais da saúde, da segurança social, dos lares, dos bombeiros, forças de segurança e outros agentes da Proteção civil concelhia e distrital, dos assistentes operacionais e administrativos da educação e dos professores e educadores e muitos outros e outras que estando na linha da frente do combate à pandemia merecem o nosso muito obrigado.
Uma nota de esperança nas melhoras, para todos os que estão infetados e um sentido pesar por todas as famílias que perderam familiares e amigos.
Este é um tempo que temos de estar unidos para melhor combater o vírus, vamos conseguir mostrando mais uma vez que nos sabemos unir enquanto coletivo nos momentos difíceis.