José Calado é vereador na Câmara de Palmela eleito pelo MIM, mas nas próximas Eleições Autárquicas, agendadas para 26 de Setembro, assumirá uma candidatura em coligação com o CDS-PP. José Calado defende que para o concelho de Palmela um maior apoio em áreas como o apoio aos idosos e à Proteção Civil e garante que se for eleito irá trabalhar para todos os munícipes.
– Qual o porquê do slogan “Mudar por mim, mudar por todos”?
Este slogan é o princípio deste movimento independente. Na altura fui eu quem sentiu que era preciso uma mudança no concelho e por isso criei o MIM, naturalmente que numa primeira fase senti que era necessário muda por mim e depois vieram todos os outros.
– Quando se cria um movimento de cidadãos, presume-se que estamos descontentes com as forças políticas existentes. O que o levou a coligar-se com o CDS-PP?
Devido à alteração da legislação relativamente aos movimentos independentes e enquanto estávamos a ponderar o que deveríamos fazer, a presidente da concelhia de Palmela do CDS-PP ligou-me, e propôs-me esta coligação, aceitando desde logo a minha independência.
Perante estas circunstâncias não vi qualquer problema em aceitar esta proposta, até porque os munícipes sejam do CDS-PP ou não poderão contar com o meu empenho e dedicação e assim que for eleito trabalharei para todos os munícipes deste concelho, mantendo total independência.
– Há quem comente que esta coligação não é legal, porque supostamente não é permitido um movimento de cidadãos coligar-se com um partido político. Como irão ultrapassar esta questão?
Estamos absolutamente tranquilos com isso, pois analisámos todos esses pormenores legais. Como é de conhecimento geral o MIM extinguiu-se na eleições de 2017, e por isso à partida não iremos optar por voltar a legalizar o MIM, vamos aceitar a sugestão do CDS, criando uma coligação e dali sairá um movimento independente.
“Investir no concelho de Palmela é um risco muito grande”
– Da experiência que adquiriu como vereador nestes últimos 4 anos, certamente teve oportunidade de traçar novas prioridades para o concelho de Palmela. Quais serão para si as prioridades para o concelho?
Embora o nosso manifesto eleitoral ainda não esteja concluído, posso dizer que temos o pelouro do Urbanismo que precisa de ser reformulado/ adatado. É um dos pelouros mais importantes dentro da autarquia e hoje em dia o que a maior parte dos empresários dizem é que investir no concelho de Palmela é um risco muito grande. Gostam da localização, das acessibilidades, mas quando chegam ao Urbanismo tudo fica bloqueado, com os processos a resolverem-se tarde e a más horas. Eu próprio constato isso diariamente, porque contato com muitos empresários, por isso é muito urgente reformular toda a área do Urbanismo de modo de desenvolver maior riqueza no concelho.
Embora a Câmara Municipal não seja das piores autarquias no que respeita ao apoio da Proteção Civil, esta é uma área que precisa de melhorar muito. A autarquia apoia o funcionamento das associações de bombeiros e outras que trabalham na área da Proteção Civil, mas por outro lado é preciso criar mais apoios na aquisição de equipamentos e viaturas. Se queremos fazer um bom trabalho na área da Proteção Civil, se queremos que os nossos cidadãos se sintam seguros, então temos que estar preparados para isso e temos que apoiar mais.
Também se fala muito no apoio à terceira idade, mas neste concelho não vejo muita coisa. Não aceito que no século XXI tenhamos situações de pessoas idosas, que vivem com 260€ em meios completamente isolados. A Câmara Municipal tem que ter verbas para apoiar estas pessoas.
– Como define os candidatos às freguesias do concelho?
Apesar do cabeça de lista à Quinta do Anjo já não ser o Rui Torres, temos muita gente que vem da candidatura do MIM, mas também temos muitas pessoas ligadas ao CDS-PP e não tenho dúvidas que são pessoas com muita capacidade de trabalho e que serão uma mais-valia para a nossa candidatura.
“Após as eleições temos que nos unir e saber governar o concelho”
– Portanto, está confiante…
Estou muito confiante.
– Olhando para o panorama atual de candidatos aos órgãos autárquicos, onde surgem algumas novidades, nomeadamente a candidatura do CHEGA, do RIR, do Movimento de Cidadãos Pelo Concelho de Palmela e o Nós Cidadãos. Se por um lado esta realidade é o reflexo da democracia, este aumento de candidatos poderá fragilizar as outras candidaturas?
Não sei o que a CDU poderá pensar disso, mas estamos em democracia e por isso tudo o que possa advir destes resultados eleitorais será bom. Se após as eleições podermos reunir com todos os eleitos e discutir aquilo que é realmente importante para o concelho, então estamos muito bem, porque é isso que os munícipes esperam de todos nós. Após as eleições temos que nos unir e saber governar o concelho.
– Com tanta escolha haverá o risco de não se chegar maiorias absolutas?
Isso está fora de questão, não haverá maioria absoluta e acredito que quem está no poder provavelmente irá perder as eleições.
Por isso quem for eleito terá que saber que tipo de coligações deverá fazer de modo a governar melhor possível o município.
– Se for eleito já sabe quais serão as coligações que está disposto a fazer?
Se for eleito presidente de Câmara naturalmente que a última coligação que farei será com a CDU. Isso está fora de questão.
“Em democracia temos que discutir as nossas ideias de forma cordial”
– Porquê?
A CDU está no poder há mais de 40 anos e por isso não merece nova oportunidade. Aquilo que fez ao longo destes anos não foi benéfico. Por outro lado, o lema da minha candidatura é mudar, ao fazer uma coligação com a CDU não iria mudar em nada.
– Olhando para este mandato, o MIM e o PS “perderam” eleitos para a CDU. Como vê a saída destas pessoas do MIM?
Voltamos à questão da liberdade de expressão e à democracia. Embora o Mário Rui Sobral tenha sido meu assessor nestes últimos anos na Câmara de Palmela, ele tem toda a liberdade para mudar Por outro lado, como líder do MIM nesta candidatura irei escolher as equipas de outra forma. O Mário Rui Baltazar entendia que deveria ocupar um lugar diferente daquele que lhe ofereci nesta candidatura, não ficando satisfeito procurou outras oportunidades para poder intervir no concelho.
– Olhando para todos os candidatos e candidaturas, acha que estas Eleições Autárquicas vão ser pacíficas? Vai ser uma campanha cordial?
Só tem que ser. Em democracia temos que discutir as nossas ideias de forma cordial.